quinta-feira, 25 de abril de 2013

Poder da administração no capitalismo contemporâneo

PODER E ADMINISTRAÇÃO NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO (Lúcia Bruno) & TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL (Chiavenato)

No texto de título supracitado, a autora discute as formas contemporâneas de organização e de exercício do poder – que se desenvolvem em uma rápida velocidade – dentro das organizações: “a globalização da economia, a transnacionalização das estruturas e a reestruturação produtiva” (Bruno, 1997, p. 15). A autora, inclusive, considera estes tópicos como aspectos da reorganização do capital. Vejamos o desenrolar da história...

A globalização da economia teve início depois da Segunda Guerra Mundial, por conta da expansão de empresas multinacionais, principalmente as norte-americanas, que ajudaram na reestruturação econômica de alguns países, a exemplo do Japão.

Para que os interesses dos países fossem discutidos em instâncias mais amplas e para promover acordo entre os Estados-Nações – pois nessa época a política era quem regulamentava as questões macroeconômicas –, foram criadas instituições como a ONU, FMI, dentre outras.

Mais tarde, fins da década 60, as empresas multinacionais, principalmente as norte-americanas, se expandiram e aprofundaram o relacionamento entre si – inclusive, esta articulação é uma das características do capitalismo –, graças ao acúmulo e a internacionalização do capital, secundarizando o Estado enquanto coordenador econômico e mudando o seu perfil organizacional, também o de atuação no mercado, já que este é dinâmico.

Nesse texto, Bruno apresenta as diferenças entre Multinacional (empresas que possuem matriz num país e possuem atuação em diversos países. Este termo é considerado ultrapassado, pois dá margem ao entendimento de que a empresa pertence a várias nações.), Internacional (inter-relacionamento entre várias nações) e Transnacional (ultrapassa o princípio da nacionalidade, transcende as fronteiras, caracteriza grandes grupos econômicos que independem de governos eleitos, dentre outros.). Esta última tem destaque, pois funciona como forma de controle social, já que as empresam transnacionais decidem demandas importantes do nosso tempo, retirando dos governos locais o poder decisório e o controle das suas próprias finanças – na verdade o Estado está para a operacionalização e legitimação jurídica destas organizações – ; influenciam nas políticas de emprego, bem como em questões sociais e ambientais, inclusive, aumentando as desigualdades, já que investem, preferencialmente, em locais onde já tenham mão-de-obra qualificada e boa infraestrutura. Sua estrutura de poder é de caráter supranacional, não reconhecida juridicamente a não ser pela atuação dos sindicatos – quando não burlam a leis trabalhistas locais com seus acordos coletivos.

Saliente-se que as Transnacionais influenciam até na candidatura e eleição de políticos por meio de parcerias políticas, a exemplo dos financiamentos das candidaturas para depois de eleitos terem a moeda de troca, como a prestação de serviço para o Estado etc.

O patriotismo é substituído pelo modelo cultural e organizacional das empresas cujo poder é despersonalizado, pois é exercido por vários chefes que se articulam para reger regras instituídas por diretrizes gerais.

Para atender à dinâmica capitalista, as organizações T procuram por trabalhadores polivalentes. Para tanto, é necessário investimento educacional, pois é este campo que ajuda a desenvolver capacidades trabalhistas. Como envolve trabalho e capital, a educação tornou-se interesse mundial, já que, como suscitado, os maiores investimentos voltam-se para locais onde há mais qualificação e capacidade de produção. Por isto a ideia de políticas públicas condicionantes, a exemplo do Programa Nacional Bolsa Família que beneficia a família que garante a permanência dos filhos na escola, dentre outros mais.

Estas questões nos remontam à Teoria do Desenvolvimento Organizacional que surge na década de 60 a fim de estudar o ser humano no que diz respeito às organizações e aos ambientes nos quais está inserido. Em sendo assim, é uma teoria que se concentra no comportamento que deve ser de fácil adaptação por conta da dinâmica mercadológica.
 
BRUNO, Lúcia. Poder e administração no capitalismo contemporâneo. In:OLIVEIRA, Dalila Andrade (Org.) Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos. Petrópolis, R.J.: Vozes, 1997.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Volume II . São Paulo: Campus, 2005.
Discente: Edla Gama.

Comentário sobre o artigo “Poder e administração no capitalismo contemporâneo” sob a visão da teoria do desenvolvimento organizacional

O artigo “Poder e administração no capitalismo contemporâneo” de Lúcia Bruno nos apresenta as novas formas de organização dos modelos de administração que envolve conceitos como distribuição do poder e estruturas de produção. Essa reestruturação tem sido acelerada pela propagação da globalização.

Bruno destaca que o ritmo acelerado é a grande diferenciação das mudanças econômicas que refletem diretamente nos modelos de relação de trabalho.

A teoria do desenvolvimento organizacional (D.O) vem como excelente polo de produção e propagação de ideias que otimizam a relação das empresas, justamente com essas mudanças que ocorrem no mundo ‘externo’ –– A teoria da D.O poderia então ser encarada como causa e consequência dessas mudanças; ao mesmo tempo em que essas ideias eram produzidas elas necessitavam de incrementos que pudessem sanar diversas questões que poderiam surgir.

Bruno traça um histórico sobre as diferentes remodelações pelas quais atravessaram as estruturas econômicas. Do nascimento do imperialismo norte – americano, passando pelas crises petrolíferas, os modelos econômicos se adaptaram (na medida do possível) as demandas do mercado sofrendo com maior e menor intensidade a interferência do estado – a depender do contexto histórico.

“Sua busca e reivindicação por eficiência crescente é baseada na conceituação do planeta como uma unidade única (...)” (BRUNO, Pag. 19).

Todas essas transformações na esfera econômica foram acompanhadas por mudanças também nas estruturas de poder. Com a ascensão das grandes empresas ocupando um lugar de destaque, nessas novas configurações se tornou fundamental que essas empresas desenvolvessem novas maneiras de conviver e contornar as conduções Estatais; os vértices que envolviam Estados e empresas se inverteram para que as grandes corporações se apresentassem como ‘manda – chuva’ do cenário econômico atual. 

As noções de cultura e clima organizacional surgiram na década de 60 justamente com a teoria do desenvolvimento organizacional, que afirma a estrutura de organização como parte do pensamento operante atual. É a cultura organizacional. Ela é maleável, dinâmica e permeia nossa forma de se comunicar, nossos sistemas de informação, nossos múltiplos pertencimentos a diferentes grupos sociais.

A cultura organizacional subsistiu a cultura cívica. O culto ao patriotismo foi implantado pelo culto as marcas e aos signos de aquisição. Ter é poder. É o velho legado de que você é o que você tem.

A psicologia também contribui através do estudo titulado de clima organizacional; que envolve aspectos da interação no ambiente trabalhista. A Contribuição da D.O através de conceitos como cultura e clima organizacional ente outros, que pressupõem uma administração participativa, se faz marcante, pois ajudam a delinear as formas atuantes de administrar essas empresas que ‘governam’ o mercado mundial.

 A teoria de desenvolvimento organizacional influenciou ainda com elementos de quantificação que auxiliam na condução de uma organização que não pode ficar ‘pra trás’, análises transacionais, tratamentos de conflitos grupais, treinamentos de gerência e pessoal. Focando na organização como um todo, solucionar problemas não é mais apenas campo da teoria, a nova ordem mundial exige posicionamentos mais pró-ativos e iniciativas próprias e criativas. 

A interação surge mediada pelas videoconferências, pelas novas formas de comunicação instantânea entre várias partes do mundo de uma mesma empresa. O conceito de transnacionalidade nunca foi tão atual, com o enfoque massivo da interação simultânea.

A presença de agentes de mudança: pessoas com o papel de estimular, orientar e coordenar a mudança dentro de um grupo ou organização se tornam fundamentais como gerenciadores das mutações diárias que acontecem nos mercados. Essa denominação me fez lembrar o personagem de George Clooney em (Up in the air  – 2009) que basicamente passa sua vida inteira demitindo funcionários de empresas. O padrão se desfaz quando ele mesmo começa a ser encarado como obsoleto porque uma jovem recém-formada criou um programa que ‘analisava’ e demitia os funcionários (tudo online). O filme vai discutir a já antiga discussão sobre homem e maquina sob um ponto de vista relativamente novo: a interferência das máquinas nas relações humanas – em todas as formas o personagem de Clooney é aficionado por milhas aéreas, por exemplo.

    Bruno finaliza destacando a importância de uma verdadeira reforma educacional que não apenas mascare as imperfeições atuais (a valorização do trabalho dos professores, por exemplo, pode ser muito mais eficiente do que as negociações do aumento salarial). Essa reforma perpassa ainda o âmbito das gestões e estruturação das organizações; os típicos protótipos com um modelo focal com padrões de funcionamento como os ministérios e secretárias de educação, por exemplo, servem muito mais apenas para centralizar o poder sem resolver as questões que realmente importam. A reestruturação educacional no Brasil vai, portanto além de alterações curriculares ela se inicia e se instala especialmente nas relações interpessoais, na divisão de trabalho e nas estruturas de distribuição de poder dentro do ambiente escolar, não se pode ignorar que a escola também é ela mesma, uma organização.   

BRUNO, Lúcia. Poder e administração no capitalismo contemporâneo. In:OLIVEIRA, Dalila Andrade (Org.) Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos. Petrópolis, R.J.: Vozes, 1997.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Volume II . São Paulo: Campus, 2005.


Discente: Taís dos Santos Lima

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