quarta-feira, 5 de junho de 2013

Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações & Situação da Formação e das Atividades de Trabalho

Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações (Dejours) & Situação da Formação e das Atividades de Trabalho (Zanelli)

Através de seus estudos acerca das psicopatologias como oriundas dos ambientes de trabalho, Dejours tem contribuído para conceituação do sofrimento, bem como a investigação de sua etiologia, sugerindo que suas raízes encontram-se na relação do homem com o trabalho.

Seu despertar para o sofrimento humano emerge dos aspectos que envolvem a revolução industrial e o capitalismo: crescimento da produção, robotização, mecanização, fragmentação das tarefas, êxodo rural, dentre outros.  A precariedade da época era de se assustar, pois os trabalhadores viviam menos, o número de acidentes era elevado, o trabalhador não tinha apoio de leis trabalhistas. A situação era de sobreviver, como trabalhar só para ter o pão, e não viver além das necessidades fisiológicas. Esta situação, inclusive, fora chamada de “miséria operária”.

O sistema rígido do trabalho torna o ambiente organizacional opressor, ameaçador, sacrificante, fazendo emergir uma sensação de incapacidade no trabalhador e, consequentemente, seu sofrimento, desequilibrando-o psiquicamente, o que é refletido no corpo. Desta forma, o sujeito torna-se vítima do seu trabalho, embora seja beneficiado pelo mesmo.

Dejours descreve os sofrimentos insuspeitos que influenciam, a favor ou contra, no desenvolvimento do sujeito no ambiente de trabalho. São eles: o sofrimento singular que abrange uma dimensão diacrônica da vida do sujeito, pois é construído no decorrer da sua vida psíquica; sofrimento atual, que se encontra em uma dimensão sincrônica; o sofrimento criativo, que faz com que a pessoa desenvolva estratégias defensivas para lidar com as opressões da organização do trabalho e consiga manter sua saúde; e o sofrimento patogênico. Este funciona de modo contrário ao anterior: aqui a ação produzida pelo sujeito é desfavorável para a sua saúde.

Em sendo assim, sofrimento mental se constitui na luta do sujeito contra as adversidades da organização do trabalho, que pode acarretar a doença mental, pois em sua dinâmica, pode proporcionar elementos que favoreçam a saúde ou o processo de adoecimento.

Enquanto psicólogos em formação, há de pensarmos em nossa prática profissional no ambiente organizacional. Para tanto, conta-se a contribuição de Zanelli que trata em seu texto “situação da formação e das atividades de trabalho”, de importantes questionamentos sobre a formação e atuação do psicólogo organizacional no Brasil.

Ele se debruçou sobre a identificação e a análise das necessidades do psicólogo e das demandas organizacionais. Questões como o processo de ensino, conhecimento, habilidade, abordagens teóricas, métodos, instrumentos, atuação, profissional, dentre outros, são abordados.

Zanelli faz crítica ao processo de ensino, pois direciona a formação dos psicólogos para o modelo médico, não preparando psicólogos organizacionais, considerados agentes de mudança, devendo estar preparados para as demandas sociais, dos trabalhadores etc. A atual prática universitária dificulta a transformação dos ambientes organizacionais. Sugere-se que haja mudança nas matrizes curriculares ou que ampliem a formação organizacional para atender as demandas da contemporaneidade.

DEJOURS, C. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: CHANLAT, J.F. O indivíduo na organização. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1996.


ZANELLI, J. C. Situação da Formação e das Atividades de Trabalho. In: ______ O Psicólogo nas Organizações de Trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2009.

Discente: Edla Gama



Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações (Dejours) & Situação da Formação e das Atividades de Trabalho (Zanelli)


No texto “Situação da Formação e das Atividades de Trabalho” Zanelli (2009) destaca a precariedade do ensino da psicologia como ciência sobressaindo-se a matéria psicologia organizacional, apontando algumas possíveis causas para que isso aconteça. 

O autor prossegue abordando a história da psicologia organizacional no Brasil, com paralelos entre a institucionalização da profissão com o desenvolvimento da psicologia clínica em detrimento da organizacional e da educacional.

O texto aborda ainda as amplas funções (muitas das quais desconhecidas) dos profissionais organizacionais destacando que muitas vezes além de não terem contato com muitas delas na sua formação eles ainda se apresentam despreparados para muitas das atividades que lhes são atribuídas. O que causa uma ‘má impressão’, no meio trabalhista com uma estereotipação que atinge inclusive aqueles que se inserem na academia já direcionados para a atuação clínica (associada erroneamente a um liberalismo ocupacional). 

Tive uma sincera dificuldade em traçar um paralelo entre os dois textos trabalhados, uma vez que eles estão trabalhando temas com perspectivas completamente distintas e não pude acompanhar a discussão que costuma esclarecer muitos aspectos do tema semanal, mas destacaria o subtópico quase final do texto de Zanelli sobre o predomínio do modelo médico que, ao elucidar sobre como esse modelo remediativo de ‘reinserção na normalidade’ confere status a psicologia clínica dentro da Psicologia geral. Esse modelo reflete diretamente na maneira como esse psicólogo irá se inserir na organização (o autor destaca que os psicólogos organizacionais vêm de formações clínicas).

Assim ele entra na empresa com o ideal de adaptar o profissional as condições – muitas vezes adversas – de trabalho.  

Esse pensamento ‘bate de frente’ com a proposta de Christhophe Dejours (1996). A afirmação de que ao mesmo tempo em que o homem é beneficiário do trabalho, ele é uma vitima dele, sem dúvida sintetiza e reflete os direcionamentos que o autor toma em suas abordagens teóricas sobre o trabalho.

Seguindo por uma linha psicanalítica o autor aborda diferentes aspectos presentes na psicodinâmica trabalhista, remetendo a conceitos que o sujeito operário trás consigo para a execução do trabalho, como o jogo infantil, o teatro do trabalho, e os elementos por trás da escolha da profissão; destacando entrelinhas que ao contrário do que se preconiza o trabalho não é uma condição intrínseca do homem; pelo menos não a exploração do trabalho alheio.

Dejours destaca ainda algumas classificações do sofrimento, sendo que as que mais me chamaram atenção foram dois opostos: o sofrimento criativo – aquele que se torna produtivo e eficiente e o sofrimento patológico – que pode estar por trás de muitas somatizações trabalhistas mundo afora.


O sofrimento, no entanto destaca o autor se origina na história de vida desse sujeito e se reproduz no seu trabalho, sendo este sim intrínseco a condição humana. Não sei se eu não consegui captar ou se não era a intenção do autor abordar qual então seria a função do psicólogo nessa instituição.

Referência:

ZANELLI, J. Carlos. Cap. I. Situação da Formação e das Atividades de Trabalho. O Psicólogo nas Organizações de trabalho..

DEJOURS, C. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: CHANLAT, J.F. O indivíduo na organização. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 1996.

Discente: Taís Lima

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