segunda-feira, 27 de maio de 2013

Emoções e afetos no trabalho


Emoções e Afetos no Trabalho (Gondim e Siqueira)

Gondim e Siqueira (2004) conceituam e diferenciam emoção e afeto. O primeiro tem relação com o funcionamento do sistema fisiológico e, consequentemente, o comportamental, pois são provocados por estímulos internos e externos que auxiliam de maneira importante a sobrevivência, compondo os sistemas de defesa e ações diversas. A emoção tem caráter instintual. Quanto ao afeto, este se refere ao sentimento que tem forte relação com a cognição que, por sua vez, é constituída por processos que envolvem o conhecer, ou seja, a aquisição do saber; envolve raciocínio, julgamento, interpretação.

É necessário observar que afeto, sentimento, cognição e emoção então em constante relação. Para teorizar essa máxima Gondim e Siqueira recorrem a diversas – e discordantes por muitas vezes – correntes do conhecimento, desde as de cunho biológico até as filosóficas, trazendo, respectivamente, discussões que tangem o que é orgânico, fisiológico, motor, psicológico, social, já que envolve a representação que a pessoa faz do que está sentindo.

As autoras apresentam a importância das emoções e dos afetos no contexto organizacional, embora este seja um ambiente que se prega a razão como base. O descrédito a esses conceitos se dá por conta de as teorias organizacionais não terem considerado o quanto as emoções e os afetos influenciam no clima de bem-estar organizacional, na produtividade e saúde do trabalhador. E ainda, não percebiam a relação entre emoção e razão. Atualmente, as teorias estão trabalhando pra dar conta desta afinidade, principalmente nas organizações que são constituídas por seres da relação, pois assim somos constituídos. Afinal de contas, o homem é um ser social!


Na contemporaneidade, o homem passa mais tempo no ambiente de trabalho do que no próprio lar, de maneira geral. Por tanto, é, muitas vezes, onde ele expressa sua emoções e afetos o que pode desencadear hostilidade, agressão, angústia, dentre muito outros, que vão influenciar a dinâmica indivíduo-grupo-equipe. É justamente nesse ponto, principalmente, que há necessidade da intervenção do psicólogo, pois tem a capacidade de identificar e lidar com as manifestações de emoções e afetos a fim de preservar a saúde dos trabalhadores  e tentar equilibrar o ambiente organizacional.

GONDIM, Sonia Maria; SIQUEIRA, Mirlene Maria. Emoções e Afetos no Trabalho. In: Zanelli, Jose Carlos; BORGES-ANDRADE, Jairo; BASTOS, Antonio Virgilio. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

Discente: Edla Gama

O texto de Gondim e Siqueira inicia destacando o quão subestimado foram as emoções no ambiente de trabalho durante grande período de desenvolvimento das teorias administrativas. Esse quadro só começa a mudar a partir da noção de que compreender os sentimentos, afetos e emoções ajudaria a lidar com as influencias externas vivenciadas todos os dias pelos trabalhadores e que refletem diretamente em seus posicionamentos frente ao trabalho, a motivação e a produtividade.
A partir desses pressupostos os autores iniciam mais um apanhado histórico sobre estudos relacionados às teorias as emoções. Aborda-se as diferentes perspectivas: biológica, filosófica, fenomenológica, comportamental, cognitiva, clínica e social; que juntas traçaram teorias sobre as emoções – relacionadas a prontidão do organismo e a expressão motora; os sentimentos – a interpretação subjetiva do que está acontecendo internamente e externamente; e os afetos que em linhas gerais abarcariam os sentimentos, os humores e os temperamentos humanos.
As perspectivas teóricas acima citadas embora abordem os mesmos temas apresentam três linhas de discordância relacionadas a: qual a função que a emoção cumpre na vida humana. Como ocorre esse processo emocional. E o nível de consciência das respostas emocionais.
Como são muitas teorias, com muitas afirmações destoantes, vou me ater aos aspectos que mais me chamaram atenção, por exemplo, enquanto a perspectiva biológica associa as emoções diretamente a sobrevivência da espécie (que teria selecionado as emoções de acordo com sua importância na manutenção da vida); a perspectiva do construtivismo social atribui esse embarreiramento (do que se é ou não socialmente aceitável demonstrar emocionalmente) a elementos culturais. Fiquei pensando se ninguém parou para unir uma coisa à outra afinal conviver bem, ser bem aceito socialmente é uma forma de manutenção da vida.
Outra discordância que me chamou atenção foi no que concerne a relação entre cognição e emoção que basicamente marca a diferenciação entre a psicanálise e as teorias cognitivas: enquanto a primeira acredita na expressão dos processos não conscientes, os cognitivistas propagam a inter-relação  entre a cognição, a conação (o querer) e a afetividade.
No contexto trabalhista é importante conhecer essas diferenciações para saber qual a melhor teoria que pode ser aplicada em se tratando de melhorar as relações estabelecidas no ambiente trabalhista. Como isso requer a utilização da racionalidade as teorias cognitivistas levam vantagem por abordar temas e tópicos que são muitas vezes mais ‘visíveis’ e presentes para a administração.
Nesta conjuntura administrativa essa relação entre razão e emoção, aliás, desempenha papel fundamental e também gerou algumas discordâncias, a saber: a primeira é pioneira em afirmar que há uma relação de interdependência e não de exclusão entre razão e emoção, essa é nomeada perspectiva inglesa dos subsistemas técnico, psicossocial e gerencial; a segunda perspectiva apresenta utilidade à utilização adequada das emoções, através do conceito de racionalidade limitada (?) de Simon (1979). A terceira perspectiva assemelha-se com a primeira, mas diferencia-se por acreditar que a racionalidade na verdade é um mito.
Prosseguindo o texto apresenta mais vários grupos de teorias distintas que me confundiram muito; tive que voltar algumas vezes pra relembrar o que a teoria anterior falava, pois se antes elas pareciam falar de coisas muito semelhantes agora elas falam de componentes bem distintos. A começar pelas manifestações afetivas no trabalho; que envolve de padrões de personalidade, a medida de inteligência emocional, passando por processos mentais e pelas teorias da atitude.
O tópico sobre as condições no trabalho, no entanto, me chamou atenção por abordar de maneira um pouco mais clara conceitos que eu desconhecia como o Burnout, por exemplo, que é uma espécie de síndrome da exaustão e que envolve diretamente mecanismos afetivo-emocionais dos indivíduos.
Para finalizar os autores vão trazer como o profissional psi pode intervir e atuar nesse ambiente; de maneira geral esse profissional se envolve nas relações trabalhistas através do autogerenciamento de emoções e o gerenciamento organizacional; através das múltiplas possibilidades de integrar a emoção e a razão no contexto organizacional. Para pontuar e finalizar os autores apresentam cinco possibilidades de intervenção do psicólogo organizacional:
a)    Identificar os fatores do contexto do trabalho que colocam em risco o bem estar emocional dos trabalhadores;
b)    Sensibilizar a alta direção da organização para a necessidade de informar e dar transparências aos processos de mudança;
c)    Treinar gerentes e empregados para sua melhor capacidade de auto e hetero gerenciamento emocional;
d)    Criar espaços institucionais que viabilizem a canalização de emoções negativas decorrentes de experiências interpessoais desprazerosas;
e)    Gerenciar o uso do ‘trabalho emocional’ que prejudica a demonstração das verdadeiras emoções.


ZANELLI, J. C., BORGES-ANDRADE, J. E. & Bastos, A. V. B. (2004). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed.
Discente: Taís Lima

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