Emoções
e Afetos no Trabalho (Gondim e Siqueira)
Gondim e Siqueira (2004)
conceituam e diferenciam emoção e afeto. O primeiro tem relação com o
funcionamento do sistema fisiológico e, consequentemente, o comportamental,
pois são provocados por estímulos internos e externos que auxiliam de maneira
importante a sobrevivência, compondo os sistemas de defesa e ações diversas. A emoção
tem caráter instintual. Quanto ao afeto, este se refere ao sentimento que tem
forte relação com a cognição que, por sua vez, é constituída por processos que
envolvem o conhecer, ou seja, a aquisição do saber; envolve raciocínio,
julgamento, interpretação.
É necessário observar que afeto,
sentimento, cognição e emoção então em constante relação. Para teorizar essa
máxima Gondim e Siqueira recorrem a diversas – e discordantes por muitas vezes –
correntes do conhecimento, desde as de cunho biológico até as filosóficas,
trazendo, respectivamente, discussões que tangem o que é orgânico, fisiológico,
motor, psicológico, social, já que envolve a representação que a pessoa faz do
que está sentindo.
As autoras apresentam a
importância das emoções e dos afetos no contexto organizacional, embora este
seja um ambiente que se prega a razão como base. O descrédito a esses conceitos
se dá por conta de as teorias organizacionais não terem considerado o quanto as
emoções e os afetos influenciam no clima de bem-estar organizacional, na produtividade
e saúde do trabalhador. E ainda, não percebiam a relação entre emoção e razão. Atualmente,
as teorias estão trabalhando pra dar conta desta afinidade, principalmente nas organizações
que são constituídas por seres da relação, pois assim somos constituídos. Afinal
de contas, o homem é um ser social!
Na contemporaneidade, o
homem passa mais tempo no ambiente de trabalho do que no próprio lar, de
maneira geral. Por tanto, é, muitas vezes, onde ele expressa sua emoções e
afetos o que pode desencadear hostilidade, agressão, angústia, dentre muito
outros, que vão influenciar a dinâmica indivíduo-grupo-equipe. É justamente
nesse ponto, principalmente, que há necessidade da intervenção do psicólogo,
pois tem a capacidade de identificar e lidar com as manifestações de emoções e
afetos a fim de preservar a saúde dos trabalhadores e tentar equilibrar o ambiente organizacional.
GONDIM, Sonia Maria; SIQUEIRA, Mirlene Maria.
Emoções e Afetos no Trabalho. In: Zanelli, Jose Carlos; BORGES-ANDRADE, Jairo;
BASTOS, Antonio Virgilio. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
Discente: Edla Gama
O texto de Gondim e Siqueira inicia destacando o quão subestimado foram as emoções no ambiente de trabalho durante grande período de desenvolvimento das teorias administrativas. Esse quadro só começa a mudar a partir da noção de que compreender os sentimentos, afetos e emoções ajudaria a lidar com as influencias externas vivenciadas todos os dias pelos trabalhadores e que refletem diretamente em seus posicionamentos frente ao trabalho, a motivação e a produtividade.
A
partir desses pressupostos os autores iniciam mais um apanhado histórico sobre
estudos relacionados às teorias as emoções. Aborda-se as diferentes
perspectivas: biológica, filosófica, fenomenológica, comportamental, cognitiva,
clínica e social; que juntas traçaram teorias sobre as emoções – relacionadas a
prontidão do organismo e a expressão motora; os sentimentos – a interpretação
subjetiva do que está acontecendo internamente e externamente; e os afetos que
em linhas gerais abarcariam os sentimentos, os humores e os temperamentos
humanos.
As
perspectivas teóricas acima citadas embora abordem os mesmos temas apresentam
três linhas de discordância relacionadas a: qual a função que a emoção cumpre
na vida humana. Como ocorre esse processo emocional. E o nível de consciência
das respostas emocionais.
Como
são muitas teorias, com muitas afirmações destoantes, vou me ater aos aspectos
que mais me chamaram atenção, por exemplo, enquanto a perspectiva biológica
associa as emoções diretamente a sobrevivência da espécie (que teria
selecionado as emoções de acordo com sua importância na manutenção da vida); a
perspectiva do construtivismo social atribui esse embarreiramento (do que se é
ou não socialmente aceitável demonstrar emocionalmente) a elementos culturais.
Fiquei pensando se ninguém parou para unir uma coisa à outra afinal conviver
bem, ser bem aceito socialmente é uma forma de manutenção da vida.
Outra
discordância que me chamou atenção foi no que concerne a relação entre cognição
e emoção que basicamente marca a diferenciação entre a psicanálise e as teorias
cognitivas: enquanto a primeira acredita na expressão dos processos não
conscientes, os cognitivistas propagam a inter-relação entre a cognição, a conação (o querer) e a
afetividade.
No
contexto trabalhista é importante conhecer essas diferenciações para saber qual
a melhor teoria que pode ser aplicada em se tratando de melhorar as relações
estabelecidas no ambiente trabalhista. Como isso requer a utilização da
racionalidade as teorias cognitivistas levam vantagem por abordar temas e
tópicos que são muitas vezes mais ‘visíveis’ e presentes para a administração.
Nesta
conjuntura administrativa essa relação entre razão e emoção, aliás, desempenha
papel fundamental e também gerou algumas discordâncias, a saber: a primeira é
pioneira em afirmar que há uma relação de interdependência e não de exclusão
entre razão e emoção, essa é nomeada perspectiva inglesa dos subsistemas
técnico, psicossocial e gerencial; a segunda perspectiva apresenta utilidade à
utilização adequada das emoções, através do conceito de racionalidade limitada
(?) de Simon (1979). A terceira perspectiva assemelha-se com a primeira, mas
diferencia-se por acreditar que a racionalidade na verdade é um mito.
Prosseguindo
o texto apresenta mais vários grupos de teorias distintas que me confundiram muito;
tive que voltar algumas vezes pra relembrar o que a teoria anterior falava,
pois se antes elas pareciam falar de coisas muito semelhantes agora elas falam
de componentes bem distintos. A começar pelas manifestações afetivas no
trabalho; que envolve de padrões de personalidade, a medida de inteligência
emocional, passando por processos mentais e pelas teorias da atitude.
O
tópico sobre as condições no trabalho, no entanto, me chamou atenção por
abordar de maneira um pouco mais clara conceitos que eu desconhecia como o Burnout, por exemplo, que é uma espécie
de síndrome da exaustão e que envolve diretamente mecanismos afetivo-emocionais
dos indivíduos.
Para
finalizar os autores vão trazer como o profissional psi pode intervir e atuar
nesse ambiente; de maneira geral esse profissional se envolve nas relações
trabalhistas através do autogerenciamento de emoções e o gerenciamento
organizacional; através das múltiplas possibilidades de integrar a emoção e a razão
no contexto organizacional. Para pontuar e finalizar os autores apresentam cinco
possibilidades de intervenção do psicólogo organizacional:
a) Identificar
os fatores do contexto do trabalho que colocam em risco o bem estar emocional
dos trabalhadores;
b) Sensibilizar
a alta direção da organização para a necessidade de informar e dar transparências
aos processos de mudança;
c) Treinar
gerentes e empregados para sua melhor capacidade de auto e hetero gerenciamento
emocional;
d) Criar
espaços institucionais que viabilizem a canalização de emoções negativas
decorrentes de experiências interpessoais desprazerosas;
e) Gerenciar
o uso do ‘trabalho emocional’ que prejudica a demonstração das verdadeiras emoções.
ZANELLI,
J. C., BORGES-ANDRADE, J. E. & Bastos, A. V. B. (2004). Psicologia,
organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed.
Discente: Taís Lima
Excelente abordagem.
ResponderExcluir